Itacoatiara Big waves

Minha chegada ao Brasil foi inesperada. Enquanto surfava ondas pequenas em Bastiagueiro, meu joelho estalou. Baseado em autoexame e experiências passadas com cirurgias similares nos dois joelhos, eu estava convencido de que se tratava de um problema no menisco. Sem realizar uma ressonância, viajei ao Rio para uma possível operação. Contudo, após o exame, descobri que o problema era no LCA (Ligamento Cruzado Anterior), que, embora não estivesse rompido, estava comprometido. Optei por não operar imediatamente, pois a temporada de surfe começa em outubro, e a recuperação de uma cirurgia de ligamento pode levar meses. Decidi encarar a temporada e planejar a cirurgia para março. Vivendo no Brasil, a rotina é excelente. Saio caminhando da Casa dos Arcos, o bed and breakfast de minha irmã Natalia, faço exercícios para fortalecer o corpo — especialmente as pernas — para enfrentar as ondas gigantes em Nazaré e aproveitar o tempo na praia com minha esposa e filho, além de dar aulas de surfe para minha irmã. Também faço passeios pelo Rio e outras atividades divertidas. Um dos pontos altos foi assistir ao Itacoatiara Big Waves, um evento inédito nesse formato. O torneio contou com a presença de estrelas do surfe de ondas grandes, incluindo Francisco Porcella, vencedor do prêmio XXL por pegar a maior onda em Nazaré, e Lucas “Chumbo” Chianca, várias vezes campeão do Nazaré Tow Challenge. Grandes nomes como Scooby, Will Santana e Koxa, ex-recordista da maior onda segundo o Guinness, também competiram. Embora eu estivesse na lista de convidados, cedi minha vaga para Daniel Ragel, que, ao lado de Will Santana, conquistou o segundo lugar. Para mim, foi como uma vitória, pois superar Lucas e Scooby parecia uma missão impossível devido ao alto nível técnico e à habilidade deles em encontrar tubos em todas as baterias. O único incidente que poderia ter sido sério foi uma confusão na pontuação das ondas da equipe de Koxa/Vitor na final. Vitor, machucado, não pôde surfar, e Koxa acabou somando apenas uma onda, apesar de uma segunda onda ter sido computada erroneamente, pois os juízes pensaram que ele era Vitor, usando a prancha dele.

Arraial do Cabo com Sebastian Steudtner

Ao término da temporada de ondas grandes, mergulhei de cabeça em apoiar minha esposa, Laura Riaza, na conclusão de um curso em Madrid. Enquanto ela estudava, eu cuidava do nosso bebê. Após duas semanas na capital espanhola, decidi que seria melhor cuidar do bebê na Galícia, permitindo-me treinar, surfar, escrever e finalizar a compra do meu novo projeto na Zona de Fisterra, no final do Caminho de Compostela. Na véspera do último dia de trabalho de Laura, recebi um convite do Sebastian para ir às Maldivas, onde as ondas estariam incríveis. No entanto, sugeri que poderíamos surfar no Rio de Janeiro, uma ideia que ele curtiu. No mesmo dia em que Laura terminou sua prova final, eu embarquei de volta para o Rio (estou atualmente no aeroporto aguardando meu voo de retorno). Chegamos na sexta-feira à tarde no Rio e, dessa vez, decidimos não pegar o carro alugado imediatamente para evitar o trânsito. Após jantar, alugamos o carro, atravessamos a ponte Rio-Niterói por volta das 20h30, no final do horário de pico. Arraial do Cabo tem um lugar especial no meu coração. Apesar de chegarmos tarde, acordamos ao som do mar, nos reunimos com amigos e Seb, que parecia pensar que eu era o prefeito após tantas conversas. Meu primo Américo chegaria um dia depois, mas seu filho Mateus apareceu antes e fomos surfar cerca de 5 km da Praia Grande, especificamente em um local conhecido como Pasto. Nos dias seguintes, desfrutamos de ondas maiores na Praia Brava, enquanto alguns surfistas do Rio aproveitavam os tubos no Pasto. Entre novos sabores culinários e sobremesas, "Seb loves food" parecia encantar-se com aquele novo pedaço de paraíso. https://youtube.com/shorts/MmLhLtUYyhU?si=c7GV37ngioDAPh-K Levei Sebastian à minha igreja, Bola de Neve, e compartilhei um pouco sobre o lado espiritual dos brasileiros e o meu próprio. O churrasco com a galera de Arraial, onde presenteamos a cada um com um livro, foi um dos momentos mais marcantes na cidade. Luciano, com sua expressão característica enquanto dominava as ondas ("praaa proooo") , foi o destaque da festa. https://youtube.com/shorts/VZvwwvgPKnY?si=dnmmcv7RoxvtDFjx Espero retornar este ano e realizar meu primeiro evento amador junto com a igreja para os jovens de Arraial e da região.

Nazaré 23/24

"Nazaré 23/24 Temporada de ondas gigantes acaba de terminar. Essa última temporada estive pilotando para o atual recordista do mundo, Sebastian Steudtner. Conheço o Seb há uns 11/12 anos. Nós nos conhecemos em Mullaghmore, Irlanda. Em uma das inúmeras sessões de altas ondas que tive por lá. Ele veio à minha casa em Ericeira, quando ainda vivia em Portugal em 2013 e depois concretizou toda a sua carreira surfando em Nazaré nos dias gigantes e certamente sempre é um dos melhores nesses dias. Este ano foi clara a atuação dele junto comigo. Já que ele é considerado um dos melhores surfistas e eu piloto. Muita gente me pergunta se ainda surfo nos dias grandes. Eu sempre respondo que tento não surfar, já que é perigoso e o que paga meu salário é o trabalho de pilotagem. Em resumo, se tivesse um patrocinador, surfava, como não tenho, piloto. Essa temporada houve 4 dias gigantes. Aqui vão algumas das fotos desses dois e certamente em todos os dias pegamos muitas das melhores ondas."

Nazare tow challenge 2024

Acho que como único surfista neste evento com um passado de competição em todas as categorias da WSL, incluído o nível mais alto WCT, é obrigação minha colocar alguns pontos para no futuro esa categoría “ tow-surfing” melhorar. No último verão conheci o Clement Roseiro , já tinha visto ele surfar e já sabia do potencial dele. Esteve em um churrasco em casa em Anglet ( vivo em A Coruña, mas passei o verão em Anglet). Lhe disse como conselho de parar de colocar tanto tempo em outros esportes e focar no tow surfing. Como tem bagagem em esportes que ajudam a surfar com as alças melhor, ele chegou já se colocando na posição que eu já sabia que ele ia estar. Um dos melhores. Segundo lugar já no primeiro evento . O campeão do evento foi o mesmo de todos os eventos anteriores. Certamente o melhor surfista do mundo nessa condição . Lucas tem tanto controle que acho que os juízes não conseguem notar as ondas dele do jeito que deveria ser. Vou comparar essas duas ondas. Clement na primeira entre pico 2/3 de Nazaré. Uns onda mais lisa e mais fácil de surfar. Uma mudança de direção bonita. O estilo dele é algo realmente que chegou para colocar um jeito diferente de data se a onda. Vira pro outro lado e faz outra manobra normal. Cutback. Antes de falar da onda do Lucas Chumbo. Para começar a comparação. Há de se admitir que ninguém tem a técnica do Lucas. Faz coisas que só sendo surfista para saber o nível de dificuldade. A onda que comparo aqui é uma onda no primeiro pico. A onda mais difícil da Nazaré. Importante esse ponto. Livro de regra é claro , maiores ondas e durar na parte mais crítica. Essa onda que ele surfa , comparando com a de Clement, é bem mais difícil. O que no meu ponto de vista já deveria de ser melhor pontuada. A primeira manobra muito mais crítica que a do Clement. Os dois usam a corda para a primeira manobra. Depois da primeira manobra, os backwalsh que ele pega ainda voando, só Chumbo consegue surfar. No meio da cavada outro backwalsh bate nele e como se nada ataca a onda vem mais radical. 6,17 na primeira do Clement 4,9 na do Chumbo Eu daria 2 pontos de diferença pro Chumbo.