Na Pandemia de 2020, fiquei isolado em casa, assim como a maioria das pessoas ao redor do mundo. Naquela época, David, um faixa preta de São Gonçalo, acabara de chegar em casa e se tornou uma grande ajuda para enfrentar aqueles tempos delicados. Naquele momento, eu era faixa marrom e treinávamos juntos todos os dias. Ele me ajudou a aprimorar consideravelmente meu "jogo" no combate e a compreender melhor os detalhes dessa arte marcial.
No entanto, logo depois, tive uma lesão no menisco que me deixou com muito medo de lutar e, consequentemente, dificultou os últimos anos da minha carreira como surfista de ondas gigantes.
Meus filhos, Uma e Kai, estavam com a mãe em Portugal. Sabia que não os veria, mas não fazia ideia do que aconteceria, assim como todas as pessoas do mundo naquele momento.
Precisava me concentrar em algo. Ler era uma opção válida, mas eu queria mais; queria produzir. Decidi, então, reescrever o livro de ficção histórica que havia escrito durante o Pipe Master em 2004. Enquanto treinava de madrugada em Pipeline, North Shore de Oahu, me dedicava também aos estudos históricos para aprimorar o enredo que se passava antes da Primeira Guerra Mundial, seguia uma família que imigrava da Europa para os Estados Unidos, atravessava a Segunda Guerra e terminava no Brasil.
Para organizar minhas ideias, espalhei papéis pelos muros da casa, planejando como desenvolveria cada etapa do livro, pois a primeira versão estava uma bagunça e precisava ser retrabalhada, capítulo por capítulo.
No entanto, após alguns dias revisando o projeto, decidi desistir. Não por causa do trabalho que daria, mas porque senti uma forte vontade de produzir algo relacionado ao surf. A memória do meu querido amigo Leo Neves, que havia falecido recentemente, inundava minha mente com imagens de nossas inúmeras viagens juntos.
Decidi, então, reunir todas as experiências de surf, minhas e de amigos próximos, e criar um personagem com elas. Assim surgiu o Surfistas Carioca. No início, pensei em chamá-lo de "surfista de trem", pois o personagem principal cresce no subúrbio do Rio, onde infelizmente existem pessoas que arriscam suas vidas nesse "esporte".
As dificuldades de ser surfista saindo do subúrbio são enormes, mas na primeira parte da carreira de Gabriel (homenagem ao talentoso surfista brasileiro Gabriel Medina), tudo parece dar certo. Ele vence competições, conquista a garota da escola e começa a viajar.
Não deixem de ler! É a primeira vez que um ex-integrante da elite mundial do surf, que atualmente segue no top mundial de ondas gigantes, escreve um romance. Essa ficção mesclada com fatos reais leva a um personagem que no futuro não terá tudo tão fácil, assim como aconteceu comigo e meus amigos. Há muita superação em todos os livros.
Esse é o primeiro de 4 livros, dos quais 2 já estão escritos, mas apenas um foi publicado até agora. A vida continua, e eu sigo treinando para Nazaré, com três filhos e encontrando tempo para seguir minha carreira de escritor. Se tudo der certo, espero, aos poucos, com a idade, parar de surfar essas perigosas ondas e me dedicar mais à escrita. E se tudo der ainda mais certo, pretendo produzir material audiovisual baseado nessas histórias e em outras que já tenho em mente.
Aloha! Eric
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Começamos a falar em maio de 22 e semana passada o livro saiu!
https://www.sophiaeditora.com.br/surfista-carioca
